sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Pacotes vindos do Iêmen representam "ameaça terrorista real" aos EUA, diz Obama

Folha de São Paulo

Autoridades de segurança no Reino Unido e nos Emirados Árabes Unidos interceptaram dois pacotes suspeitos enviados do Iêmen para os Estados Unidos, em uma "ameaça terrorista real", disse o presidente Barack Obama nesta sexta-feira. Os pacotes tinham como destino "dois lugares judaicos em Chicago", segundo Obama.

As suspeitas recaíram sobre a Al Qaeda na Península Árabe, que assumiu a responsabilidade por um atentado frustrado contra um avião americano no Natal de 2009.

"Sabemos que a Al Qaeda na península arábica continua planejando ataques contra nossa terra e nosso povo. Os agentes de combate ao terrorismo no nosso país estão levando o assunto muito a sério e estão tomando as medidas necessárias."

"Exames iniciais naqueles pacotes determinaram que eles aparentemente contêm material explosivo", disse Obama, em discurso televisionado na tarde desta sexta-feira, chamando o incidente de "uma ameaça terrorista real contra nosso país".

A Casa Branca disse que "ambos os pacotes saíram do Iêmen" e Obama foi avisado sobre a ameaça ainda na noite de quinta-feira.


A Casa Branca disse ainda que a Arábia Saudita ajudou a revelar que a ameaça vinha do Iêmen, enquanto o Reino Unido, os Emirados Árabes Unidos e "outros amigos e parceiros" também forneceram informações.

"Os EUA são gratos ao Reino da Arábia Saudita por sua ajuda em levantar informações que ajudaram a revelar a iminência da ameaça emergindo do Iêmen", disse o conselheiro de segurança de Obama, John Brennan.

Falando há quatro dias das eleições parlamentares nos EUA, marcadas para terça-feira, Obama disse que um alto auxiliar falou com o presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, e ele prometeu cooperar totalmente com as investigações.

PACOTES

Os dois pacotes suspeitos vindos do Iêmen foram encontrados no Reino Unido e nos Emirados Árabes Unidos, após uma informação ter levado autoridades a inspecionar aviões de carga nos dois lados do Atlântico.

Um dos pacotes foi encontrado em um avião de carga da empresa United Parcel Service (UPI), no aeroporto de East Midlands, cerca de 260 km a norte de Londres, no Reino Unido. Ele continha um cartucho de tinta para impressora modificado, segundo a CNN, e foi enviado de Sanaa, no Iêmen para Chicago, nos EUA, em voo com escala no Reino Unido.

O outro pacote foi descoberto em uma instalação da FedEx Corp em Dubai. Uma fonte oficial disse nos Emirados Árabes Unidos disse que "um material explosivo foi encontrado no pacote originário do Iêmen" e que o pacote era semelhante ao encontrado no Reino Unido.

Uma autoridade americana e alguns analistas especularam que os pacotes podem ter sido apenas um teste para os procedimentos de checagem de carga, e da reação das autoridades de segurança nos EUA.

O Departamento americano de Segurança Interna disse que vai endurecer as medidas de segurança na aviação.

AVIÃO ESCOLTADO

Um avião comercial de passageiros da companhia Emirates, proveniente de Sanaa, no Iêmen, com escala em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, foi escoltado na tarde desta sexta-feira por jatos militares canadenses e americanos até o aeroporto John F. Kennedy, em Nova York.

"Isso é apenas porque há uma carga vinda do Iêmen no voo", disse o porta-voz do FBI, Richard Kolko, "Não há nenhuma ameaça associada com essa carga ou esse voo."

Autoridades americanas e britânicas inspecionaram aviões de carga e caminhões da empresa após o pacote ter sido encontrado, e os dois países entraram em estado de alerta.

Nos EUA, aviões da UPS foram inspecionados em Nova York, New Jersey e Filadélfia. Um caminhão da empresa foi inspecionado no Brooklyn.

MEDIDAS PREVENTIVAS

Ainda em resposta às duas suspeitas de bomba encontradas entre ontem e hoje, o governo do Reino Unido decidiu suspender todos os voos de carga diretos entre os dois países.

A ministra do Interior, Theresa May, disse que "a segurança do Reino Unido continua sendo a prioridade número um".

A suspensão se soma a uma decisão, em vigor há mais de um ano, de suspender os voos da companhia Yemenia Airlines.

Já a FedEx, maior empresa aérea de carga do mundo, embargou todas as cargas provenientes do Iêmen, segundo o porta-voz da empresa, Maury Lane. A UPS também decidiu suspender os serviços provenientes do Iemên.

ATENTADO NO NATAL

Umar Farouk Abdulmutallab, de origem nigeriana, foi acusado de tentar explodir uma aeronave americana com uma bomba na noite de Natal do ano passado.

Ele embarcou em um voo da Northwest Airlines que fazia a rota Amsterdã-Detroit e, perto do fim do trajeto, tentou acionar uma bomba que estava em sua cueca, afirmaram procuradores.

Segundo eles, o dispositivo não detonou completamente e ele foi rendido por passageiros e tripulantes e o fogo foi controlado.

Ele foi acusado pela tentativa de usar uma bomba de destruição em massa, tentativa de assassinato e outros quatro crimes. Se condenado, poderá passar o resto da vida na prisão.

O nigeriano cooperou com investigadores americanos por vários meses e disse a eles ter recebido o dispositivo e treinamento de militantes da rede terrorista Al Qaeda no Iêmen.

Desde então, a Al Qaeda na Península Árabe e um de seus líderes, o clérigo americano Anwar al Awlaki, tornaram-se alvos prioritários dos EUA. Os EUA aumentaram a ajuda militar ao governo iemenita, que tenta derrotar o braço insurgente da Al Qaeda em seu território.

ALERTAS DE TERROR

Após uma série de alertas de terrorismo na primeira semana de outubro --que na sua maioria mostraram-se alarmes falsos--, a União Europeia (UE) e os EUA decidiram nesta quinta-feira buscar fórmulas mais adequadas para comunicar a existência de ameaças terroristas, com o objetivo de informar os cidadãos sem um "alarmismo desnecessário".

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