quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Irã suspende condenação por adultério de Sakineh

O Estado de S. Paulo

TEERÃ - As autoridades do Irã anunciaram nesta quarta-feira, 8, a suspensão da condenação por adultério de Sakineh Mohammadi Ashtiani. A iraniana foi condenada à morte por adultério e por participação no assassinato do marido.

Segundo a lei islâmica aplicada no Irã, a Sharia, os dois crimes são punidos com a morte. No caso do adultério, a execução é feita por apedrejamento. A condenação por homicídio não foi suspensa, mas também está sendo investigada. Assim, Sakineh ainda pode ser executada, ainda que não por apedrejamento.

"O veredicto considerando as questões extramatrimoniais foi suspenso e está sendo revisto", disse o Ramin Mehmanparast ao canal estatal Press TV.

Na entrevista, realizada em farsi ao vivo e dublada para o inglês, o porta-voz disse que a acusação de assassinato "estava sendo investigada para a entrega do veredicto final". A imprensa iraniana sugeriu que a pena de apedrejamento poderia ser revogada, mas que ainda assim Sakineh seria enforcada.

"Pensamos que este é um caso muito normal. Esse procedimento se assemelha muito a outros existentes em outros países", completou Mehmanparast. Em nenhum ponto da entrevista, porém, foi mencionada o apedrejamento. Ele sempre usava os termos "pena de morte".

O porta-voz ainda culpou os EUA por usar o caso de Sakineh para denegrir a imagem do Irã ante a comunidade internacional, enquanto o país persa sofre com as sanções que limitam seu programa nuclear. "Parece que estão fazendo jogo político", criticou.

Sakineh foi condenada em 2006 por manter relações ilícitas com dois homens após ficar viúva, o que, segundo a lei islâmica, também é considerado adultério. Primeiramente a pena foi de 99 chibatadas, depois convertida em morte por apedrejamento e, posteriormente, em enforcamento.

Em julho deste ano, seu advogado Mohammad Mostafaei tornou público o caso em um blog na internet, o que chamou a atenção da comunidade internacional. Perseguido pelas autoridades iranianas, ele fugiu para a Turquia, de onde buscou asilo político na Noruega.

O governo brasileiro ofereceu refúgio a Sakineh, o que foi rejeitado por Teerã. A pena de morte foi mantida por um tribunal de apelações, que acrescentou ao caso a acusação de conspiração para a morte do marido.

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