segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Presidente do Irã irá a reunião da ONU sobre desarmamento, diz Ban

Folha de São Paulo

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, pretende participar na semana que vem de uma reunião da ONU destinada a retomar as negociações sobre o desarmamento global, disse nesta segunda-feira o secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon.

A reunião, marcada para o dia 24, durante a sessão anual da Assembleia Geral em Nova York, ocorre após 12 anos de inação no único fórum multilateral para negociações do desarmamento, em Genebra.

"A agenda não foi firmemente estabelecida, mas entendo que ele (Ahmadinejad) vai participar da reunião de alto nível sobre desarmamento", disse Ban a jornalistas em sua entrevista coletiva mensal.

Ele acrescentou que recebeu um pedido de Ahmadinejad para marcar um encontro bilateral quando o presidente iraniano estiver em Nova York.

Uma fonte oficial dos EUA disse à Reuters em Washington que o presidente americano, Barack Obama, provavelmente não participará da conferência sobre desarmamento, pois no mesmo dia prevê estar numa reunião sobre o Sudão e em outros eventos.

A Conferência sobre o Desarmamento --que foi criada em 1978 pela ONU e reúne 65 países, com sede em Genebra-- já negociou convenções sobre armas biológicas e químicas, mas não consegue realizar nenhum trabalho substancial desde 1998, porque seus membros não chegam a um acordo sobre as prioridades.

NUCLEAR

A produção total iraniana de urânio de baixo enriquecimento subiu cerca de 15% desde maio, chegando a 2,8 toneladas, segundo um recente relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). O crescimento acontece apesar da nova rodada de sanções aprovada em junho pelo Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e sanções unilaterais de vários países.

O relatório confidencial também afirma que a AIEA segue preocupada com a possível intenção do Irã de desenvolver uma bomba atômica. Até meados de agosto, o país já tinha 22 quilos de urânio altamente enriquecido, provavelmente para um reator de investigação.

A agência da ONU afirma ainda que o Irã impede a investigação da agência sobre o uso de seu urânio e nega o acesso a suas instalações nucleares.

No último dia 9 de junho, o Conselho de Segurança aprovou uma quarta rodada de sanções ao Irã por manter enriquecimento de urânio em seu território, o que viola resolução anterior do Conselho. A resolução estabelece novas restrições às operações dos bancos iranianos, enquanto aumenta a apuração das transações das entidades financeiras do país no exterior. Além disso, endurece o embargo de armas ao Irã e sanciona 40 entidades do país e reforça o regime de inspeções a navios e aviões iranianos.

Grande parte da comunidade internacional, com EUA e Israel à frente, acusa o Irã de ocultar, sob seu programa nuclear civil, outro programa, de natureza clandestina e aplicações bélicas, cujo objetivo seria a aquisição de armamento atômico.

Além de não terem conseguido convencer o Irã a desistir de seu programa nuclear, as três rodadas de sanções da ONU impostas ao país já tiveram efeitos adversos para o Ocidente, como estimular o mercado negro e beneficiar os líderes iranianos devido à irritação da opinião pública.

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