quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Em Jerusalém, líderes israelense e palestino encerram 2ª rodada de conversas diretas

Folha de São Paulo

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, deu as boas vindas ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, a sua residência oficial nesta quarta-feira, com um aperto de mão observado de perto pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton, um dia após terem se reunido no Egito.

O grupo começou o que estava marcado para ser a última negociação antes de Hillary partir, nesta quinta-feira, finalizando a segunda rodada de conversas diretas entre israelenses e palestinos. As negociações diretas foram retomadas no começo deste mês em Washington, após 20 meses de paralisação.

Alex Brandon/AFP
Hillary Clinton ao lado de Netanyahu (ao centro) e Abbas; EUA dizem que negociações estão progredindo

Após duas horas de reunião, o enviado dos EUA para o Oriente Médio, George Mitchell, mostrou-se otimista sobre as negociações de paz e deu sinais de que o congelamento de construções israelenses em territórios ocupados da Cisjordânia --calcanhar de Aquiles que ameaça pôr as negociações por água abaixo-- também foi debatido no encontro de hoje.

"Esse assunto foi discutido essa noite, continuamos com nossos esforços para fazer progresso nesse sentido, e acreditamos que estamos progredindo", disse Mitchell. "Vou dizer que os dois líderes não estão deixando os assuntos difíceis para o final de suas discussões. Nós tomamos isso como um forte indicador da crença deles de que a paz é possível", disse Mitchell.

Perguntado sobre o progresso das negociações, o líder israelense disse "Estamos trabalhando nisso, obrigado. Trabalhar é certo --é bastante trabalho". Abbas e Hillary não falaram durante a rápida aparição diante das câmeras e dos jornalistas.

Os EUA estão mediando as negociações diretas de paz, e estabeleceram a meta de um ano para resolver os principais assuntos dividindo os dois lados. Mitchell disse que as duas equipes de negociadores devem se reunir novamente na semana que vem, e vão estabelecer uma nova data para os líderes se encontrarem.

Os palestinos ameaçaram deixar as negociações de paz se as construções de assentamentos judeus forem retomadas --as obras estão congeladas até 30 de setembro. Os assentamentos ficam em território ocupado por Israel na guerra de 1967, onde os palestinos querem estabelecer seu futuro Estado.

Cerca de 30 mil israelenses vivem dispersos entre 2,5 milhões de palestinos na Cisjordânia. Outros 200 mil israelenses vivem em Jerusalém Oriental, a parte da cidade santa que os palestinos querem para sua capital.

Os negociadores também enfrentam uma série de outras questões que já minaram as negociações no passado: a localização da fronteira entre Israel e o futuro Estado palestino, o destino de refugiados palestinos e a disputa por Jerusalém.

VISITA

Foi a primeira visita de Abbas à residência oficial do premiê israelense em Jerusalém desde que o direitista Netanyahu assumiu o poder, há 18 meses. Ele manteve conversas lá antes com o premiê anterior, Ehud Olmert.

"Hoje eu volto para essa casa após um longo período de ausência para continuar as conversas e as negociações, na esperança de chegar a uma paz eterna em toda a região, e especialmente paz entre o povo israelense e o povo palestino", escreveu Abbas no livro de visitantes.

A Jordânia e o Egito, que já têm acordos de paz com Israel, também patrocinam as negociações de paz. O presidente egípcio, Hosni Mubarak, recebeu nesta terça-feira os dois líderes em Sharm el Sheik, e Hillary está indo para Amã nesta quinta-feira para reunir-se com o rei Abdullah da Jordânia.

Mitchell deve visitar a Síria e o Líbano ainda esta semana em busca de uma paz mais ampla no Oriente Médio, apesar de não haver nenhum movimento aparente em direção a negociações diretas entre Israel com Síria ou Líbano.

ATAQUES

Em meios às negociações de paz, a violência continuou na região nesta quarta-feira. Militantes palestinos e forças israelenses trocaram ataques,

O Exército israelense disse que oito morteiros e um foguete atingiram Israel no meio da tarde --a maior quantidade em um dia só desde março de 2009. Não houve feridos.

Caças israelenses responderam aos ataques bombardeando túneis na fronteira de Gaza com o Egito. Autoridades do Hamas, que controla a faixa de Gaza, disse que uma pessoa morreu e quatro ficaram feridas.

No mesmo dia em que as negociações diretas de paz foram retomadas --2 de setembro--, 13 grupos militantes palestinos anunciaram ter unido forças para ampliar os ataques a Israel, possivelmente incluindo ataques suicidas.

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